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Mostrando postagens de maio, 2021

Palavra por palavra

   Alguém, em algum momento de minha vida, disse-me que a alma do poeta deve ser leve como uma pluma ou asas de borboleta. Eu não quis responder, entrar em celeuma, despertar discussão que não pretendia alimentar. Mas um pouco da verdade é que a alma do poeta é dura, pesada, sofrida e é por isso que ele segue a vida a se sacudir, espalhado palavras e poemas como o cão que tenta se livrar das pulgas que o incomodam, o poeta tenta aliviar o peso de sua alma dessa forma. Não é fácil carregar as dores do mundo em uma vida tão curta. Imagine passar pela juventude sendo um tolo e, quando começar a entender das coisas da vida, se deparar com a razão que o lembra que tudo está chegando ao fim. Não sei por que o poeta é torturado por assombrações dessa estirpe. Certamente, aqueles que descem a serra têm uma melhor experiência do que os que tiveram a viagem interrompida no caminho. Vou me concentrar em contar o que aconteceu naquela data. Nós nos encontrávamos sempre, eu procurava ...

Em tempo de Pandemia – Micro conto

    Hoje no mercado eu estava reaprendendo a paquerar só com os olhos, única possibilidade por causa do uso das máscaras. Fiquei alguns minutinhos trocando olhares com uma moça, ou era mulher? Impossível ter certeza em uma situação igual àquela, afinal a máscara que ela usava parecia maior do que a silhueta da calcinha na saia dela. Sei que o corpo era bonito, curvas tentadoras, cabelo bem tratado e os olhos estavam entre os mais bonitos que eu já vi. Então pensei; “se ela está correspondendo aos olhares deve ser igual laranja na beira da estrada...” Pensei bem... ou debaixo da máscara não corresponde ao restante da modelo ou ela está com Coronavírus. Resumindo... Não corri riscos, fui embora!

O céu nada pode fazer

  O céu tudo pode fazer... Se o seu desejo for grande suficiente e permanecer acesso. Sim, você será capaz de mudar o mundo, mas não será necessário mover montanhas, tudo acontecerá no tempo certo. E foi assim, naquele primeiro de maio, que ela me convenceu a embarcar naquela loucura. Ela estava em uma fase muito mística e para onde estávamos indo havia muitos rumores de fortes energias e, até mesmo, de avistamentos de OVNIs . Desde o início eu não levei a sério – era conversa demais e muita coisa não fazia sentido para mim – mas o que importava? Eu só estava ali mesmo para ficar perto dela e isso prometia me manter por muito tempo ao seu lado.   Embarcamos em um ônibus às 17:30, no Terminal Rodoviário de Salvador. A viagem duraria oito horas e meia, aproximadamente. Iríamos percorrer um bom tempo de estrada, alguns trechos não estavam bons – era o que eu tinha ouvido falar – e isso faria o ônibus sacolejar um pouco. Eu não fazia a menor ideia a que horas da noite aco...