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Mostrando postagens de junho, 2021

Da faca não preciso

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    Adélia Prado que me desculpe Só quero o queijo, Da faca não preciso   E a fome eu já tenho.      

Vencedores têm cicatrizes

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O Encontro Marcado

                       O encontro marcado   Sua primeira paixão na vida era o futebol, a segunda eram os jogos de futebol — tudo parecia girar em torno disso.  Conhecido como “o galinha” da turma, “o garanhão” em verdade, tinha o sexo como terceira paixão.  Era um domingo, dia de clássico, a turma estava reunida e Fernando estranhou que alguém pudesse levar a esposa ao estádio em um jogo como aquele, mas Rosa estava lá, bonita como sempre. Vestia a camisa do time e uma bermuda curtinha, coisa de doido — azar do amigo Miguel, que iria passar raiva, na certa. Jogo tenso, bolas desperdiçadas, gols perdidos; e a equipe deles tomou um gol em um contra-ataque rápido do arquirrival. Imagine!? O zagueiro aceitou uma bola nas costas e sem ter a velocidade necessária para acompanhar o adversário, acabou dando de bandeja. Mas nada estava perdido, o time continuava jogando bem. O jogo seguiu de forma t...

Jornal Nacional

Eu vi o homem chorar, O gado morrer, A terra secar.   O homem chorava, O gado morria, A terra ardia.   O político tecia, O atleta a correr, A pátria a olhar.   O homem orava, O gado diminuía, A terra água pedia.   O homem a lamentar O gado a apodrecer A terra a fenecer   O repórter questionava O partido desviava A família reduzia   O homem os olhos erguia O gado carcará comia A terra deserto tornava   Viver sem sorte A beira da morte É sina no norte   O homem a Deus obedecia O gado já não existia A terra petrificava   O jornal mostrava Ninguém ligava O ciclo seguia.

SOMENTE MAIS UMA HISTÓRIA

     Era tarde naquele dia e chovia torrencialmente. Quem imaginaria que uma chuva daquelas iria cair em pleno carnaval? Coisas de São Pedro e do pessoal lá de cima. Deviam ser contra o povo se divertir por tantos dias seguidos. Era um povo sofrido, que só tinha uma semana como aquela no ano e tudo, afinal, terminava na quarta-feira.       Nilzinha era menina ali da região e havia saído para a capital logo que completou quinze anos, sua madrinha havia cumprido a promessa de leva-la para estudar na cidade grande. Ela poderia estudar para ser professora e depois voltar para trabalhar na escola da roça, ajudando sua velha mãe que deu o duro para cuidar dela e dos quatro irmãos sozinha. Isso ela havia prometido para a mainha, desde muito pequenina, logo que o pai, aquele traste, havia ido embora, abandonando a família em meio à seca. Dos quatro irmãos com quem cresceu, Tonico era falecido – menino bom era aquele – a vida parece que não gosta...